Anoitecer Capítulo 17 - Fogueira
A noite estava fria e o céu estava estrelado e com poucas nuvens. A grama estava molhada por causa da chuva fina que caiu durante o resto da tarde.
Eu estava com as mãos no bolso da minha jaqueta jeans. Janeth estava a minha frente com Clara, Paulina e Max. Friedrick, Thomas e os outros já estavam perto da fogueira.
Lá também estavam Diamond, Nicholas, Marthin com uma garota- que eu não duvido nada que também fosse uma vampira- e outras pessoas que não lembro o nome. Nicholas acenou discretamente para mim e eu retribui.
Os estudantes estavam ao redor da fogueira. Zoey sentou ao lado de Clara e Thomas. Janeth estava escrevendo em seu diário.
Um garoto do Saint Symon Del Lest tocava violão enquanto umas garotas cantavam.
Olhei em volta, em busca de Juan, mas não o encontrei. Suspirei decepcionada.
Aos poucos conversas animadas começaram a surgir. Garotos começaram a arriscar uns passos de hip-hop... Tudo era divertido.
Despreocupada, peguei meu MP5. Alguém se aproximou de mim.
- Você é Renesmee?- Perguntou- me um garoto de pele escura.
- Sim. - Sorri educadamente.
Ele me entregou um bilhete e saiu sem me dar tempo para agradecer.
Olhando o pedaço de papel, imaginei de quem poderia ser. Eu o abri e li.
Suspirei. Olhei para Diamond, que conversava com outras garotas. Nicholas me encarava. Eu não poderia sair com ele me olhando.
Peguei meu celular e enviei uma mensagem para Janeth.
“Você esta vendo aquele garoto junto à Diamond?”
Ela se assustou com a vibração do aparelho e o pegou para ler a mensagem. Ela olhou para Nicholas e depois para mim.
- O que tem?
- Shiiii. – Fiz gesto para ela fazer silencio.
“Preciso que você o distraia para mim, por favor.”
Ela me enviou uma.
“Como assim?”
“Depois eu explico.”
Sem entender nada, ela se levantou e foi falar com ele. Vendo que ele estava totalmente distraído, eu me levantei e sai de fininho em direção ao píer onde ele me esperava.
À medida que eu me aproximava, o frio que eu sentia na barriga ia aumentando.
Cheguei ao píer e o vi sentado. Aproximei-me e sentei ao seu lado.
- Que bom que você veio.
Eu sorri.
- Preciso tirar uma dúvida.
- Sobre?- Ele indagou.
Suspirei.
- Você acredita em vampiros? – Perguntei novamente.
Sua expressão mudou como da outra vez. Seus lábios foram convertidos em uma linha tensa e rígida.
- Por quê?
- Apenas responda, por favor.
- Bom – ele hesitou- talvez.
Preparei-me para jogar a bomba.
- Eu sei o que você é.
Ele ficou inexpressivo.
- O que você quer dizer?
- Pele pálida e fria, olhos ora castanhos- dourado, ora negros. Eu conheço isso.
- Eu não sei de quê você está falando.
Pausei, olhei para o céu e tomei um novo fôlego para recomeçar.
- Não precisa ter medo- falei enquanto colocava minha mão direita sobre a dele.
Juan suspirou.
- Como você soube?
- Sou híbrida.
Ele me olhou surpreso. Como ele não havia notado?
- Me fale, há quanto tempo você é um vampiro.
- Há 10 anos. Você estaria interessado em ouvir uma história?
- Com certeza.
Juan sorriu. Era bom saber que eu o divertia mesmo me achando, às vezes, sem graça.
“Era uma noite fria, e eu estava vindo da Universidade. Acho que eram umas 12:00 AM, por ai. Eu estava passando por uma rua escura. Algo me dizia para correr, eu não sei bem o que era, mas eu não obedeci. Continuei andando em velocidade normal e senti que tinha alguém atrás de mim. Não me preocupei em olhar, apenas segui meu caminho. Para pegar um atalho, eu passei por um beco, parcialmente iluminado, e ai aconteceu.
Algo me agarrou por trás. Era frio, eu não sabia o que era, melhor, quem era. Senti algo gelado em meu pescoço e depois a dor veio. Era como meu corpo inteiro estivesse em chamas. Aquilo doía muito. Minha cabaça parecia que ia explodir. Aos poucos, depois de muito tempo, senti a dor passar, lentamente, mas foi passando. Porém a garganta ardia tão... Intensamente. Uma sede incontrolável me dominou e foi difícil me conter.”
Juan parou.
- Eu imagino o que aconteceu depois. – Falei.
- Eu ataquei a primeira pessoa que vi.
- Mas você não teve culpa, eu sei o quanto difícil é se controlar.
Eu direcionei meu olhar para seu rosto, cheio de dor e mágoa.
- E o que aconteceu com essa pessoa?
- Ele também se tornou um vampiro. Foi o meu irmão Marthin.
Uma onda de choque me varreu; agora eu entendi porque ele sempre carregava a dor consigo. Mas ao mesmo tempo, uma onda de pena tomou conta de mim.
- Eu não queria interromper a vida do meu irmão assim – ele continuou- eu me sinto culpado.
- Sinto muito. – Foi o que eu consegui dizer.
- Meus pais morreram dois anos antes, e o resto de nossa família vive fora de Washington.
Ele parou por um momento e depois continuou.
- Eu me senti muito mal Por ter tirado a vida do meu irmão; eu o pedi perdão inúmeras vezes e...
Eu o cortei curiosa.
- Como foi a reação dele?
- No começo ele se recusou a aceitar a realidade, mas com o tempo ele se acostumou. Ele acabou me perdoando, mas essa mágoa eu vou carregar para sempre comigo.
Juan se preparou para continuar a história.
“Os primeiros meses foram muito difíceis para nós dois. Nós nos alimentávamos de sangue humano, discretamente, para ninguém descobrir nosso segredo, porque embora nós não soubéssemos nada sobre essa nova vida, eu tinha o pressentimento de que havia algo maior por trás das regras desse submundo.”
- Os Volturi. – Sussurrei.
Juan continuou.
“Um ano após a nossa transformação, nós estávamos na Suíça quando conhecemos o clã de Del Blaine. No começo eu fiquei muito receoso, mas eles eram...”
Ele pausou para escolher a palavra certa.
“Do bem. Marthin se apaixonou por LeAnn e a partir daí, nós aceitamos fazer parte do clã.”
- Como você conheceu...
- Diamond? – Ele sorriu.
Eu sorri afirmativamente.
- Ano passado, aqui no Young Campin’ Vacation. Ela era a garota mais... Doce, carismática e ingênua que conheci. Nós começamos a sair, e depois nós começamos a namorar. Mas tudo mudou um tempo depois. Aquela garota adorável por quem eu me apaixonei foi se mostrando um ser sem... Princípios. Mas antes disso tudo acontecer, aquela mesma sensação me dizia para não me envolver com ela.
Parei pensativamente. Aquela sensação que o alertava das coisas poderia ser seu talento.
- Juan, você tem algum talento especial?
- Não que eu saiba. Mas meu irmão sim. Ele pode apagar ou restaurar memórias e lembranças.
- Isso é incrível. Mas como é essa sua sensação?
- Sempre que eu vou tomar uma decisão, ou algo ruim está para acontecer, eu meio que... Sinto.
- É especifico? E objetivo?
- Sim. Tanto se algo for acontecer a mim quanto a alguém do meu clã.
Decidi parar de perguntar.
- E você? – Ele indagou.
Sem dizer uma palavra, eu toquei sua mão e passei imagens de minha família para ele.
- Isso é incrível. – Ele disse parecendo não acreditar.
- É como dizem: um gesto vale mais do que mil palavras.
Nós dois rimos. O resto da conversa foi sobre coisas bobas. Ele me fazia rir, assim como Jake.
Fiz um esforço inútil para tirá-lo de minha cabeça.
- Vamos para fogueira? – Sugeri.
- Pode ser.
Ele levantou e ergueu sua mão para que eu a pegasse. Eu a apanhei e me levantei.
Ao chegarmos à fogueira, todos os olhares- inclusive o de Diamond- se direcionara a nós dois. Fomos nos sentar onde eu estava antes, perto de Janeth.
Por trás daquele jeito serio e reservado havia um cara muito legal. Nossa conversa foi sobre coisas que possivelmente faríamos no futuro. Juan tomava cuidado para não encostar-se a ninguém que estivesse ao seu lado. Diamond me fuzilava com o olhar, Clara e Paulina comentavam baixinho enquanto Janeth escrevia em seu diário.
As horas foram avançando e aos poucos senti o sono chegar. Juan recomendou que eu fosse dormir.
- Garotas, vocês vem?
Jan e Clara disseram que iriam ficar mais um pouco.
- Acho que está na minha hora. – Disse Paulina levantando.
Despedi-me de meus amigos; Juan beijou minha bochecha.
- Boa noite. – ele sussurrou.
Eu respondi baixinho.
Olhei ao redor; Diamond e Nicholas não estavam no lugar de antes.
No caminho para minha estalagem, eu a avistei. Ela se dirigiu a mim.
- Eu te avisei – ela disse com a voz alterada-fique longe dele.
- Fale mais baixo. – Disse Paulina pausadamente.
- A conversa é entre ela e eu. – Diamond rebateu.
Respirei fundo.
- Somos apenas amigos. – Falei. – AMIGOS.
- Não é o que parece. - Ela agarrou meu braço.
Paulina interveio.
- Largue- a agora.
Diamond se conteve e me soltou.
- Só um aviso: cuidado comigo. – Ela estreitou seus olhos verdes como um gato feroz.
Eu a olhei perplexa.
- O que você vai fazer com ela? – Paulina se colocou entra Diamond e eu.
- Paulina, não precisa...
Diamond interveio.
- Olha aqui sua humana, eu poderia acab...
Ela parou ao perceber o erro que cometeu.
- Está avisada. - Ela se retirou.
Paulina me olhou confusa.
- Você entendeu alguma coisa?
- Não. – Menti
Entramos na estalagem e fomos para o nosso quarto. Paulina foi tomar banho.
Fui para minha cama, onde avistei um pedaço de papel.
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