Anoitecer Capítulo 28 - Planos

Abri meus olhos vagarosamente. Acima de mim, eu vi o céu cinzento. O vento frio cortava congelava aminha pele – eu estava com frio? Sim, muito frio, embora eu não soubesse explicar o porquê. Eu estava fraca, mal conseguia me levantar. Ergui levemente minha cabeça, que doía. Eu estava sentindo dor. Eu estava me sentindo vulnerável, como uma humana.

   Olhei em volta, eu não estava mais no alto da montanha. Estava na beira da Lagoa. Levou certo tempo para que eu processasse as informações, pois minha mente estava devagar, assim como a mente dos humanos. Eu não estava tão claro como antes, os detalhes haviam fugido de mim.

   Levantei devagar, ainda sentindo dor. Minha mente começou a processar o acontecido, parte por parte. Eu estava ligando para meus pais e uma sombra me seguia, mas havia mais alguém comigo. Nicholas e Diamond. O que aconteceu com eles.

- Renesmee...

Alguém chamava meu nome ao longe. Eu também não estava ouvindo muito bem.

Em pouco tempo mão geladas pegavam – me. Por instinto, eu fechei os olhos, pois estava cansada. Eu tremi levemente ao sentir a pele dura e fria em contato com a minha.

- Querida... – Alguém sussurrou ao meu ouvido. Era meu pai. Era impossível não reconhecer aquela voz.

- Nessie, meu amor, o que houve? – Agora era a minha mãe.

Eu não sentia seus cheios, e não ouvia tão claramente o que acontecia ao meu redor. Eu me tornei humana completa? Impossível, mas era o que parecia.

Eu estava em meu Pré - sono, quando uma voz que nunca saiu de meu pensamento sussurrou uma pergunta a alguém.

- Como ela está?

Eu quis abrir meus olhos, mas o cansaço e o orgulho não deixaram. Uns segundos depois eu senti mão quentes tocarem – me.

- Ela está muito gelada. Isso é normal, não é?

Tentei ao máximo ignorar a vontade de chorar, mas foi quase impossível. Uma lagrima quente corria pelo meu rosto, mas um dedo gelado a secou imediatamente.

- Vamos levá-la para nossa casa. – Disse uma voz que eu não tive dificuldade em reconhecer. Juan.

A pessoa com corpo quente, que eu me recusava a olhar me carregou até a casa dos Blaine, caminhando lentamente. Eu não queria, mas acabei adormecendo...

Eu acordei um pouco mais disposta. Estava numa cama, coberta e quente. Embora eu não estivesse sentindo meu lado vampiro, eu me sentia mais forte que antes. Ao lado esquerdo da cama, numa cadeira estava meu pai, me olhando preocupadamente. Minha mãe e minha tia Rosalie estavam sentadas na cama ao meu lado.

- Meu anjo – mamãe me abraçou.

Tia Rosalie riu aliviada; papai não desviou o olhar de mim.

- Nessie, o que houve? – Ele indagou.

Levantei para me acomodar. Agora as informações estavam mais claras em minha cabeça.

- Eu fui procurar por minhas amigas que sumiram. Nicholas e Diamond foram comigo, mas uma sombra estava nos seguindo – cocei minha cabeça -, depois tudo ficou escuro.

- Foi uma sorte você ter saído ilesa – ele deslizou para a cama e me abraçou. – Eu fiquei tão preocupado com você.

- O que houve com o Nicholas e a Diamond?

Papai suspirou. Mamãe sentou e deslizou sua mão por meu cabelo.

- Eles não tiveram a mesma sorte que você. – Tia Rosalie respondeu.

Eu os olhei confusa.

- Seu amigo Juan encontrou as roupas deles e ao lado, cinzas.

Eu deveria estar triste, mas a minha preocupação agora era outra. Janeth.

- Onde está a Janeth; vocês a encontraram?

- Sua tia Alice teve uma visão muito rápida dela. Nesse momento eles foram procurar no lado sul da lagoa.

Sem esperança, eu comecei a chorar. Papai e mamãe me abraçaram, na tentativa de me reconfortar.

- Vamos encontrá-la.

- Mas pai, e se não houver mais tempo?

- Tudo vai dar certo.

- Onde está o Juan? – Indaguei.

- Ele está ai fora. – Mamãe respondeu.

- Eu preciso falar com ele, em particular.

- Você sabe que vai ser um pouco impossível – disse Rosalie.

- Eu acredito que vocês podem dar um jeito.

Papai me olhou e pegou na mão de minha mãe. Tia Rosalie os seguiu. Em pouco tempo Juan adentrou o quarto.

- Eu quero o que vai acontecer com a Jan.

- Você sabe que eu não sei como fazer isso. – Ele disse.

- Eu confio em você. O que você sente?

- Que ela estará bem até o por do sol de amanhã. A Zoey e a Fern também.

Eu suspirei um pouco aliviada. De um tempo pra cá eu passei a confiar nas intuições do Juan.

- Você tem que encontrá-las.

- O resto de sua família e a minha estão margeando a Lagoa.

Ele me olhou sem esperança.

- Você sente que elas não estejam onde eles procuram, não é?

Ele desviou o olhar.

- Não é isso...

- Por favor, não minta para mim.

Ele mudou de assunto.

- Tem alguém ai fora querendo falar com você.

- Eu não quero vê-lo.

- Você sabe quem é?

- Imagino. Mas não mude de assunto, me ajude a encontrar Janeth e minhas amigas.

Ele sorriu, e assentiu.

- Vou pensar em alguma coisa. Meus pais estão por perto?

- Não. Só estamos você, eu e seu amigo.

- Ótimo.

- Bom, vou deixá-la descansar.

Ele beijou minha testa e desapareceu, deixando – me só com minhas tristezas.